A Naga é uma entidade omnipresente nas mitologias hindu e budista, fazendo parte, ainda hoje, das tradições culturais contemporâneas em países como a Índia, Nepal, Bali ou Sri-Lanka. Trata-se de uma serpente semi-divina, com forma humana. Intimamente associada à água e aos rios, é um símbolo poderoso da vida, mas também está relacionada com a morte devido ao seu veneno.
Segundo a lenda, elas surgiram a partir de cabelos e pêlos do corpo de Brahma durante o seu trabalho de criação do mundo. Possuem um corpo meio humano e meio serpente e são consideradas as protetoras de fontes, poços e rios, trazendo a chuva.
São adoradas como símbolos de fertilidade, especialmente na Índia meridional. Algumas das nagas mais conhecidas são: Ananta (símbolo da eternidade) e Manasa (deusa de fertilidade). O mito das nagas também aparece noutras regiões da Ásia: para os marinheiros malaios, elas são enormes dragões marinhos. Em Java e na Tailândia, a Naga é uma serpente mítica infernal que possui imensas riquezas.
Segundo uma lenda budista, uma Naga compassiva, ao ver Buda sendo castigado pelo vento e pela chuva enquanto meditava, enroscou-se sete vezes à sua volta e colocou sobre ele as suas sete cabeças, como um telhado. Buda converteu-a depois à sua fé.
Outra lenda, recolhida na Índia, em princípios do século V, conta:
"O rei Asoka chegou a um lago, perto do qual havia uma torre. Pensou destruí-la para edificar outra mais alta. Um brâmane fê-lo penetrar na torre e, uma vez lá dentro, disse-lhe:
- A minha forma humana é ilusória; sou realmente um Naga, um dragão. Os meus pecados fazem com que eu tenha este corpo espantoso, mas observo a lei que Buda estabeleceu e espero redimir-me. Podes destruir este santuário, se acreditas ser capaz de erguer outro melhor.
Mostrou-lhe os vasos do culto. O rei olhou-os com inquietação, porque eram muito diferentes dos que os homens fabricam, e desisitiu do seu propósito."