domingo, 31 de outubro de 2010

História para a Noite das Bruxas

LENDA DE ALMACEDA



Almaceda é uma pequena povoação ali para as bandas de Castelo Branco. Há muito tempo atrás, nos terrenos onde hoje se situa esta povoação, não existia casa alguma. o lugar nasceu exactamente da estranha história que vou contar.

Pois aquela região era despovoada. Por vezes, porém, o sossego da terra era quebrado pelas correrias de
D. Rodrigo, a cavalo na sua montada preferida. D. Rodrigo era um fidalgo, muito jovem e rico, que cedo ficara orfão. No castelo, rodeado de criados, tinha apenas por companhia sua irmã Madalena. E D. Rodrigo aborrecia-se; por isso se lançava à desfilada por aqueles campos fora, tentando quebrar aquela monotonia insuportável. Pela alva e pelo cair da noite, sempre que não chovia, D. Rodrigo partia a inventar na sua cavalgada uma aventura sempre nova e emocionante.

Certa manhã de Março, Rodrigo e Madalena montaram os seus cavalos, acabara o sol os seus preparativos
matinais. Não muito longe de casa, D. Rodrigo sopeou bruscamente a montada, olhando fixamente um ponto não muito longínquo. Madalena, que seguia distraída naquele seu prazer de cavalgar, acabou por sentir a falta do irmão, e vendo-o parado mais atrás, deu meia volta e veio estacar junto dele:
- Que estás a ver? - indagou curiosa.
O outro sorriu:
- Estou a sonhar ou ali à frente, ao pé daquele arbusto, está uma caveira?!
- Rodrigo, mas que brincadeira a tua!... Fico com medo!...
- Nao estou a brincar. Olha bem!. ..
- Sim... parece ... - dizia Madalena, com o coração em pânico a querer saltar-lhe para fora.
- Anda dai! Vamos cumprimentar a caveira!
- Nao, Rodrigo! Tenho medo!. .. Tem respeito!. ..
- Ora ... tonta! - riu Rodrigo, divertido com a ideia de ir tirar o barrete aquela caveira inesperada.

Mas Madalena empalideceu ainda mais, demonstrando um verdadeiro incómodo por tudo aquilo. Uma aflição enorme tomara conta de si e a boca secara--se-lhe.
- Nao gosto destas brincadeiras! Vou-me embora já! ....
- Grande medrosa! Nem pareces minha irmã, rapariga! Nao vês que é só uma caveira que ali está?
Que mal te poderá fazer?!
- ... mas donde terá vindo, meu Deus! ...
- Do cemitério, claro! Veio dar urn passeiozinho. Devia estar aborrecida.
Como louca, Madalena gritou para o irmão:
- Acaba já com isso!!
- Ó Madalena, que disparate todo esse medo! - disse Rodrigo, rindo mansamente para ver se acalmava
aquele pavor em que via a irmã. - Entao não sabes que aquilo são apenas ossos do corpo humano?!

Madalena, porém, estava fora de si e continuou gritando com pânico na voz:
- Já sei, já sei! Vamos embora! Quero ir-me embora! Embora!. ..
- Está bem, vamos embora. Mas, antes, manda a boa educação que se dêem os bons-dias à caveira.
- Não, Rodrigo! Não!!
Irritado com a irmã, Rodrigo decidiu então, em tom de brincadeira leve:
- E já agora, se a pobre saiu do cemitério por estar aborrecida, vou dizer-lhe que moro aqui perto e que me aborreço tambem. Vou convidá-la para jantar connosco hoje!

Sem aguentar, Madalena esporeou o cavalo e sem mais resposta partiu a galope para o castelo, chorando
aflitíssima, acompanhada pelas gargalhadas de Rodrigo, que ficara parado no mesmo sitio.Mas, ainda a rapariga não desaparecera, Rodrigo ouviu de súbito uma voz rouca e profunda vinda não se sabe bem de onde:
- Cavaleiro! Não quero de modo nenhum ser deselegante. Se te diverte, podes ter a certeza de que não
faltarei ao teu jantar de hoje! ...

Secou-se o gargalhar alegre de Rodrigo. Olhou em volta e não viu ninguém, apenas a caveira ainda estava
no mesmo local, impávida, e a irmã galopava lá ao longe. Os olhos prenderam-se-lhe nos ossos brancos e
brilhantes ao sol límpido da Primavera. Um medo absurdo desceu sobre ele, lentamente. Inexplicavelmente.
Que fizera, Deus, que fizera?! E a voz, quem era, donde viera?!

Impossivel saber quanto tempo ali ficou pregado ao chão, olhando a caveira descansada. De súbito, esporeou o cavalo e partiu semilouco de medo para um mosteiro que existia por ali perto. Contou tudo e ficou urn pouco melhor. Porém, a inquietação nao o deixava, pegara-se-lhe ao corpo como a humidade de certos dias abafados. Os frades, sem saberem muito bem o que fazer, deram-lhe uma cruz: que a pusesse ao peito; isso o protegeria do Diabo ...


E, mais reconfortado, Rodrigo voltou para o castelo, onde a irmã o aguardava completamente apavorada.
Ao vê-lo entrar, Madalena correu a abraçá-lo,quase aliviada:
- Demoraste tanto!... São quase horas de jantar, e eu com tanto medo! ...
- Acalma-te que tudo vai correr bem. Estive no convento e o irmão Gregório deu-me esta cruz...
- Mas ... para quê?! - perguntou num espanto Madalena.
- Olha, se hoje vier algum estranho jantar connosco vamos recebê-lo como deve ser. Manda pôr outro talher na mesa que eu já avisei o José que vai bater à nossa porta alguém de muito estranho. E tu vais
comportar-te como se nada fosse, ouviste?!

Mas Madalena sentiu o medo crescer nela de novo e de súbito já não cabia no limite de si, nas paredes daquela casa.
- Tu... tu ... - gaguejou - pensas que ele virá? ... Oh! Não!! - gritou apavorada ao ver o sinal afirmativo
do irmão.
- Vai, vai para o teu quarto!... Hoje não ficas para jantar!
- Não! Posso morrer de medo mas prefiro estar aqui contigo! Que faria lá em cima sozinha e à espera?!

Pancadas surdas soaram pela casa fora, vindas da porta da rua. Sem pinta de sangue, Rodrigo sorriu um sorriso forçado e torcido:
- Eis o nosso convidado! Pontual ...
- Persigna-te, meu irmão, comigo... Pelo sinal da santa Cruz, livre-nos Deus Nosso Senhor dos nossos ...
Um grito do criado que fora abrir a porta interrompeu a oração, enquanto uma voz arrastada, triste e
surda, dizia:
- Vai dizer ao teu senhor que sou o convidado desta noite!
Rodrigo, porém, que tudo ouviu, ordenou, com aparente segurança:
- Entre, por favor! Esperamo-lo. 0 seu talher está ao lado do meu.

Lentas e pesadas soaram as passadas do visitante pelo corredor e num instante apareceu à porta do salão um vulto sem rosto. Madalena caiu numa cadeira semidesmaiada de pavor e pânico. D. Rodrigo fez um esforço infinito para parecer calmo e apoiou-se à borda da mesa. Numa voz tremente mas cordial disse:
- Sente-se, por favor!
- Nao vim jantar contigo! Vim apenas buscar-te!
- Como?! - perguntou Rodrigo, empalidecendo.
- Quero que me acompanhes a minha casa! - dizia firme e cavernosamente o visitante, enquanto se ouviam
os murmúrios de Madalena:
- Meu Deus, não nos abandones, não nos abandones, não nos abandones. Tem piedade, Senhor, e não nos abandones.
- E onde mora? - inquiriu Rodrigo.
- Muito perto! Ali a igreja... Agora vem que sou eu quem te convida! Precisamos conversar!
- Nao vás, Rodrigo! Olha que é uma alma perdida! - gritou lancinante Madalena.
- Tens medo, fidalgo? - perguntou zombeteiro o visitante. - Tu, o valente aventureiro de tantas noites de orgia?!
- Não vás! - continuava Madalena num grito. -  Manda-o embora, manda-o com Deus! Oh!, meu irmão!...
- Está calada!... Vou, tenho de ir. Não sentes a força que ele tem, nao vês como não me deixa recusar?! Ele quer que eu vá e eu quero ir!

Pegou na capa e saiu com o vulto sem rosto. Lá fora a noite nascera sem lua e os ares estavam povoados com os pios das aves nocturnas. Um peso enorme oprimia-lhe o peito, mas Rodrigo caminhava atrás do outro como se o fim daquela estrada fosse a finalidade da sua vida. Iam silenciosos e para além dos agouros nocturnos só os seus passos soavam. Chegaram à igreja sem que Rodrigo tivesse dado pelo caminho. Ai, porém, à porta do cemitério apenas vislumbrado, o cavaleiro estacou subitamente, como se tivesse sido tomado por uma vontade mais poderosa do que a do vulto sem rosto que o encaminhava. O relógio da torre badalava a meia-noite.
- Anda, entra na igreja comigo. Fomos pontuais!
Rodrigo estremeceu. Vacilava.
- Despacha-te! Nao há tempo a perder! - gritou o vulto, enervado de repente. - Esperam-me lá em baixo
e sabem que trago um companheiro! Anda!



Mas Rodrigo recuperara, estranhamente o sangue-frio e para ganhar tempo perguntou:
- Para onde me leva?
Uma gargalhada imensa repercutiu-se então pelos ares fazendo estremecer de horror o jovem:
- Vais conhecer o meu palácio. Vá, caminha - ordenou o vulto, empurrando Rodrigo suavemente para dentro da igreja. - Vês esta tumba aberta? Pois, é a minha casa ! Desce... vamos!. ..
Rodrigo, porém, sentindo que era a sua última oportunidade de reagir, soltou-se, enérgico, das teias do
vulto, replicando:
- Para que hei-de eu descer?
- Tens medo!??
- Nao, porquê? Quem foi sepultado na igreja não pode ser uma alma penada!... .

Uma outra gargalhada estridente respondeu à afirmação ingénua do rapaz, fazendo esvoaçar de pânico
as corujas abrigadas nos recônditos do templo.
- Palerma !... Tu e os que me enterraram aqui! Julgaram-me bom em vida mas só Deus sabia de mim...
de mim e dos meus pecados... Por isso Ele me condenou.
- Condenado? ...
- Sim! E como troçaste de mim agora vais descer para saber como se janta nos meus domínios!
Sentindo-se a perder terreno de novo, Rodrigo gritou:
- Não vou! Deus proíbe que me enterre vivo!
O vulto praguejou e disse:
- Se não fosse essa cruz que trazes ao peito, juro que descerias comigo! E lá em baixo sofrerias comigo o fogo redentor!...
-Que Deus me acuda! ... -rogou num murmúrio o fidalgo apavorado.

O vulto sem rosto acalmou de repente. E foi com voz mais branda que falou:
- Fui como tu um aventureiro sem escrúpulos e sem respeito pelas coisas sagradas. Urn homem fútil e leviano que se algum gesto caridoso teve, o teve por ostentação. Que a minha pena te seja um alerta! Cada vez que falares a algum corpo sem vida, lembra-te que a alma que o habitou pode necessitar de auxílio. Em
vez de escarnecer.. . reza ! Que a tua alma ceda à caridade e compaixão pelos mortos! Que a tua alma
ceda à verdade que te digo porque estou vendo já luz no meu caminho! Alguém reza por mim neste momento!... É... a tua irmã!... Vai, volta e não esqueças o que te disse: que a tua alma ceda e o orgulho que até hoje demonstraste se transmude em amor aos outros!...

A voz triste e surda deixou de ouvir-se. O vulto desaparecera pela campa aberta e a igreja era apenas
silêncio pesado. Semilouco, Rodrigo desatou a correr em direcção a casa. Corria e repetia sem cessar:
- Que a tua alma ceda! Que a tua alma ceda! Que...
Chegou à porta do castelo sem dar pelo caminho que pisara. Ia como que apático. Madalena esperava-o, rezando sem parar há muitas horas. Chorando de emoção, abraçou-o frenética mal o viu entrar:
- Graças a Deus! Graças a Deus, Rodrigo, que voltaste!
Que a tua alma ceda, que a tua alma ceda, foi a única resposta que obteve, as únicas palavras que Rodrigo durante muitos meses pronunciou. Que a tua alma ceda!

Tempos depois o fidalgo recompôs-se do choque brutal e aterrador daquela noite. Nessa altura o povo da região já o alcunhara de Almaceda, em virtude de ser a única coisa que lhe ouviram durante tantos meses.
Recuperado o juízo, Rodrigo reviu a sua vida passada e reorganizou-a em moldes diferentes. Distribuiu as suas vastas terras pelos pobres que lhe batiam à porta e passou a viver conforme a piedade cristã. Foram esses mesmos pobres, muitos deles caminheiros vindos de longe, que chamaram ao local onde construiram
os seus lares Torre de Almaceda. Com o tempo, passaram a denominar a localidade apenas por Almaceda, em memória daquele fidalgo que tanto os auxiliara.

Fernanda Frazão, Lendas Portuguesas

sábado, 30 de outubro de 2010

Samhain - 31 de Outubro / 1 de Novembro


Este festival dos antepassados é realizado na época da roda wiccaniana em que o véu entre os mundos é mais ténue - a época de se ligar ao espírito e aos ancestrais. A tradição de se colocar uma vela dentro de uma abóbora entalhada deriva da crença celta de que a cabeça é a morada da alma. O costume de se colocar abóboras iluminadas na janela serve para guiar os espíritos e para ajudá-los a chegar aos reinos etéreos.

Segundo a tradição, este festival anuncia o término do ano e a alvorada de um novo. Entre as actividades realizadas durante o Samhain estão a divinação, a veneração dos espíritos e a evocação do poder ancestral para cura e profecia. Não convém esquecer que nem todos os ancestrais ou espíritos são amistosos ou querem ser perturbados. Certifique-se de estar bem preparado, centrado e protegido, antes de realizar qualquer tipo de trabalho xamânico.

Ervas de Samhain - Raízes

Fumária: para purificação pessoal ou do ambiente e para expulsar espíritos indesejados
Losna: para invocar os espíritos e para aumentar os poderes psíquicos
Alecrim: para recordação dos antepassados
Cipreste: para eliminar a negatividade e para recordação do espírito
Sálvia: para limpeza e purificação

MORNINGSTAR, Sally, O Livro Wicca, Pensamento

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

A Aranha

VIBRAÇÃO: chackra do plexo solar
PALAVRAS-CHAVE: padrões, livre-arbítrio, auto-expressão
PONTO ALTO: as alegrias de criar a nossa própria realidade são os fios com que tecemos a teia
PONTO BAIXO: é necessário superar os problemas íntimos e interpessoais relacionados com o controlo e a manipulação

O significado mais importante da Aranha são as associações que ela tem com a Teia do Destino e com o aspecto sombrio da deusa feiticeira, no papel de regente do destino e da morte. A Aranha revela padrões, as teias que tecemos para poder sobreviver. Será que gostaríamos que os nossos desejos mais íntimos fossem revelados?

Os padrões que formamos ao longo da vida vêm à luz para que, ao sermos confrontados com eles, passemos a criar conscientemente aquilo que queremos. Se isso ocorrer, as situações preocupantes resolver-se-ão e ganhamos uma sensação de liberdade, ficando aptos a seguir em frente e a tecer à nossa volta circunstâncias favoráveis.

Procuremos desenvolver ideias positivas e tecer uma teia de vida que favoreça os nossos verdadeiros sonhos.

MORNINGSTAR, Sally, O Livro Wicca, Pensamento

domingo, 24 de outubro de 2010

Estrada Perdida


Smashing Pumpkins - Eye (banda sonora de Lost Highway, de David Lynch)

sábado, 23 de outubro de 2010

Nox


Noite, vão para ti meus pensamentos,
Quando olho e vejo, à luz cruel do dia,
Tanto estéril lutar, tanta agonia,
E inúteis tantos ásperos tormentos...

Tu, ao menos, abafas os lamentos,
Que se exalam da trágica enxovia...
O eterno Mal, que ruge e desvaria,
Em ti descansa e esquece alguns momentos...

Oh! Antes tu também adormecesses
Por uma vez, e eterna, inalterável,
Caindo sobre o Mundo, te esquecesses,

E ele, o Mundo, sem mais lutar nem ver,
Dormisse no teu seio inviolável,
Noite sem termo, noite do Não-ser!

Antero de Quental

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

O Macaco da Tinta

Este animal abunda nas regiões do Norte e tem quatro ou cinco polegadas de comprimento; está dotado de um instinto curioso; os olhos são como cornalinas e o pêlo é negro-azeviche, sedoso e flexível, suave como uma almofada. É muito afeiçoado à tinta-da-china e quando as pessoas escrevem, senta-se com uma mão sobre a outra e as pernas cruzadas, à espera que acabem e bebe a tinta que sobra. Depois volta a sentar-se de cócoras, e fica tranquilo.

Wang-Ta-Hai (1791)

in Jorge Luís Borges, O Livro dos Seres Imaginários


Balinese Monkey Chant - excerto de Baraka, 1992

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

A Caverna


VIBRAÇÃO: chackra do sacro
PALAVRAS-CHAVE: recolhimento, retraimento, gestação
PONTO ALTO: renascimento em curso
PONTO BAIXO: recolha e revigore a sua energia

As cavernas ou grutas são símbolos do útero, da deusa e da entrada para o mundo subterrâneo. São locais em que nos aconchegamos nos braços da mãe para encontrar resposta, soluções ou repouso. Associadas ao urso, um animal de poder, as cavernas proporcionam abrigo e um ambiente propício para a recuperação, durante as épocas de turbulência.

A Caverna indica-nos que não é hora de agir pois há certos períodos em que é melhor evitar a participação activa nos acontecimentos. Os tesouros estão à espera de ser encontrados, basta que reservemos tempo para mergulhar dentro de nós mesmos e procurá-los. Podemos atingir as nossas metas, com paciência e dedicação, e também se nos dermos o tempo necessário para que os nossos potenciais e possibilidades se expressem na nossa vida.

EXERCÍCIO DE MAGIA: Meditação da Caverna

Visite uma caverna ou o complexo de cavernas que esteja mais próximo do seu local de residência e medite ali quando estiver em busca de soluções.

terça-feira, 19 de outubro de 2010

O Traga-Mouros



Traga-Mouros era um dos mais valentes guerreiros da corte de Afonso Henriques, e um dos melhores poetas também. De resto, o nome por que era conhecido Gonçalo Ermiges, ao uso do tempo, diz o suficiente para que não seja necessário acrescentar seja o que for a respeito do seu modo de vida e da sua coragem.

Um outro facto, contudo, veio a torná-Ilo conhecido no seu tempo, tão conhecido que a história chegou até nós:  o seu amor pela moura Fátima, de Alcácer do Sal. Deste amor ficou-nos uma lenda donde se diz provirem os nomes das povoações de Fátima e Vila Nova de Ourém.

Numa surtida que fizera a Alcácer, o Traga-Mouros tivera oportunidade de ver, de longe, a moura Fátima,
enquanto esta esperava na fonte que a cantarinha se enchesse. Seus olhos tinham ficado presos nela sem que
desse por isso, e penso até que jamais voltou a reavê-los, nem mesmo quando a Morte, a velha glutona insaciável, lhe levou Fátima de ao pé de si.

Gonçalo Ermiges, apaixonado pela moura, decidiu raptá-la. Como ela vivia no fortissimo reduto mouro de Alcácer do Sal, foi-lhe necessário forjar um bom plano para que, com poucos homens, a pudesse trazer sem danos para ela e para os cavaleiros que iam auxiliá-lo na arrojada empresa. Como todo o bom guerreiro cristão, o Traga-Mouros conhecia bem os usos e costumes do inimigo. Além disso, ele era cavaleiro de bastante experiência e sabedoria, o que facilitava a sua busca de solução para o caso.

Assim, sabendo que os mouros tinham por uso, no dia de S. João, sair a passear e a folgar nos campos, escolheu essa altura para montar a emboscada perto de Alcácer do Sal. Reuniu alguns guerreiros, daqueles que por puro prazer de lutar e por amizade profunda estão sempre prontos a tudo,e saiu de Almada, cavalgando silenciosamente pelos locais mais sombrios, na véspera deS. João.

Rompeu em esplendor e suavidade colorida esse dia que é o maior do ano. Os mouros, mal a aurora chegou, começaram a sair da vila, descuidados e alegres, já que estavam em paz com os cristãos. Espraiaram-se pelos campos, cantando e bailando como uma onda de cor e movimento a destacar-se alegre do seu imenso manto verde.

Os emboscados mantiveram-se silenciosos e quedos até Fátima aparecer rodeada de toda a sua familia. Esperaram que o grupo se distanciasse bastante da muralha da vila, e então Gonçalo Ermiges, com um grito imenso que silenciou a planície, esporeou o ginete e partiu à desfilada em direcção a Fátima. Golpeou os seus acompanhantes, que ousaram desembainhar o alfange, arrancou-a da montada e pô-la na sua própria
sela, partindo em louca galopada em direcção a Almada. Pouco tempo depois irrompiam pela mesma porta os companheiros do Traga-Mouros, cobertos de sangue e carregados com os despojos da chacina.

Diz a lenda que Gonçalo Ermiges levou dali a moura Fátima para os seus dominios. Fê-la baptizar e deu-lhe o nome  cristão de Oureana. Ele, por seu lado, trocou a cota, o lorigão e o montante pelo alaúde e a poesia.

Durante muitos meses viveram apaixonados e felizes, entregues a uma vida de deleite que teria durado muito
tempo se Deus assim o tivesse desejado. Contudo, Oureana foi levada inesperadamente pela morte, deixando o Traga-Mouros chorando o desaparecimento da sua bela Fátima.



Um dia, porém, Gonçalo Ermiges, o homem que fora conhecido no mundo pelo Traga-Mouros, fugiu das vistas de toda a gente. Vestiu o hábito de São Bernardo e fundou um eremitério, que mais tarde veio a ser o mosteiro de Tomareis, onde morreu como abade.

Diz a lenda que de Oureana provém o topónimo Ourém - Vila Nova de Ourém -, assim como Fátima,
na mesma regiao, permaneceu em memória do nome mourisco da esposa do Traga-Mouros.

Fernanda Frazão, Lendas Portuguesas

domingo, 17 de outubro de 2010

A Quimera

A Quimera, de Gustave Moreau, 1862

Está escrito na Ilíada que a Quimera era de linhagem divina e que na frente era um leão, no meio uma cabra e atrás uma serpente; deitava fogo pela boca e foi morta pelo formoso Belerofonte, filho de Glauco, como os deuses pressagiaram.

A Teogonia de Hesíodo descreve-a com três cabeças. Na metade do lombo está a cabeça de cabra, numa extremidade a de serpente, na outra a de leão.

Plutarco sugeriu que Quimera era o nome de um capitão com vocação de pirata, que tinha mandado pintar no seu barco um leão, uma cabra e uma cobra.

Demasiado heterogénea, a imaginação das pessoas resistia a formar um único animal. Com o tempo, a Quimera passou a significar o impossível, a ilusão, o sonho.


sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Água Sagrada


VIBRAÇÃO: chackra do sacro
PALAVRAS-CHAVE: purificação, limpeza, sede de conhecimento
PONTO ALTO: a limpeza abre espaço à mudança
PONTO BAIXO: procure purificar os seus pensamentos e atitudes

A água é venerada pela sua capacidade de gerar e viabilizar a vida. Os poços e correntes sagradas como Lourdes, em França, não contêm simplesmente água "comum". A água sagrada, pura e cristalina, nutre a nossa sede,  não só física como também espiritual.

A Água Sagrada mostra-nos que temos todos os recursos de que precisamos para melhorarmos a situação que estamos a viver. É importante "seguir com o fluxo" (go with the flow) e observar o desenrolar dos acontecimentos, confiante de que eles nos levarão a atingir as nossas metas.

Quando os compromissos exigem muito do nosso tempo e energia, ficamos exaustos e desvitalizados,; precisamos então de uma limpeza. As emoções que nos assolam também são uma forma de nos fazer prestar atenção às nossas necessidades no momento. A energia da Água Sagrada ajuda-nos a descobrir se o nosso modo de vida actual é-nos realmente benéfico.

EXERCÍCIO DE MAGIA: Fazer Água Sagrada

Disponha de um recipiente pequeno com sal, outro com cinzas de incenso de olíbano e um terceiro com água mineral. Coloque uma pitada de sal na água enquanto diz as seguintes palavras: "Pelos poderes deste sal sagrado, que esta água seja purificada e santificada". Coloque então um pouco de cinza enquanto diz: "Pelos poderes do espírito destas cinzas sagradas, que esta água se eleve ao bem maior." Agite o recipiente com água e segure-o sobre a cabeça, dizendo: "O Espírito Divino faz-se presente agora nesta água da vida, e que tudo seja abençoado com o seu toque purificador".
Esta água sagrada pode ser usada em cerimónias ou aspergida no seu corpo ou em casa. (Não beba desta água)

MORNIGSTAR, Sally, O Livro Wicca, Pensamento


Eduardo Paniagua - Canção da Água

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Mors Liberatrix


Na tua mão, sombrio cavaleiro,
Cavaleiro vestido de armas pretas,
Brilha uma espada feita de cometas,
Que rasga a escuridão, como um luzeiro.

Caminhas no teu curso aventureiro,
Todo envolto na noite que projectas...
Só o gládio de luz com fulvas betas
Emerge do sinistro nevoeiro.

– «Se esta espada que empunho é coruscante,
(Responde o negro cavaleiro-andante)
E porque esta é a espada da Verdade.

Firo mas salvo... Prostro e desbarato,
Mas consolo... Subverto, mas resgato...
E. sendo a Morte, sou a liberdade.»


Antero de Quental

domingo, 10 de outubro de 2010

O Asno de Três Patas


"Do Asno de Três Patas diz-que está no meio do oceano e que três é o número dos seus cascos e seis o dos seus olhos e nove o das suas bocas e dois o das suas orelhas e um o do seu corno. A sua pelagem é branca, o seu alimento é espiritual e todo ele é justo. E dois dos seis olhos estão no lugar dos olhos e dois na ponta da cabeça e dois na cerviz; com a penetração dos seis olhos domina e destrói.

Das nove bocas três estão na cabeça e três na cerviz e três dentro das ilhargas... cada casco, posto no chão, cobre o espaço de uma manada de mil ovelhas, e sob o esporão podem manobrar até mil ginetes. Quanto às orelhas, são capazes de abarcar Mazandaran (província do norte da Pérsia). O corno parece de oiro e oco e cresceram-lhe mil ramificações. Com esse corno vencerá e dissipará todas as corrupções dos malvados."

Do âmbar se sabe que é esterco do Asno de Três Patas. Na mitologia do masdeísmo, este monstro benéfico é um dos auxiliares de Ahura Mazdâ (Ormuzde), princípio da Vida, da Luz e da Verdade.

Jorge Luís Borges, O Livro dos Seres Imaginários, Teorema

sábado, 9 de outubro de 2010

Ochus Bochus

Under skin, de Jon MacNair

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

O Caldeirão

VIBRAÇÃO: chackra do sacro
PALAVRAS-CHAVE: o vazio, o potencial, intenção sábia
PONTO ALTO: as sementes da criação estão germinando
PONTO BAIXO: colhemos o que semeamos; é importante vencer os medos ocultos

O Caldeirão tem um papel fundamental na antiga religião. Associado principalmente a Cerridwen, uma deusa anciã celta da lua negra, o Caldeirão simboliza o vácuo, o profundo e a fonte da criação, além de fazer parte das lendas de Avalon. Mal-afamado depois da cena das três bruxas, na peça Macbeth, de Shakespeare, o Caldeirão é o recipiente onde os praticantes de magia colocam as ervas, as poções e os ingredientes dos rituais, que depois são misturados enquanto se proferem encantamentos mágicos.

O Caldeirão representa o vaso da criação, o útero da vida, fecundado pelo potencial que aguarda realização. Ele é o criador que preenche o vazio, o feiticeiro que define o foco de qualquer encantamento. Dizem que o Caldeirão da deusa galesa Branwen é capaz de levantar os mortos. No antigo Templo de Salomão, o Caldeirão era decorado com lírios e consagrado a Astarte, a deusa tríplice do amor, da guerra e da retribuição.

O Caldeirão simboliza o potencial que temos para criar a nossa própria realidade, o nosso próprio caminho e sorte. Mas para assumirmos o papel de criadores, temos de ser realistas, ter total consciência do que desejamos alcançar e evitarmos manipularmos os outros ou limitarmo-nos a nós mesmos e ao nosso destino.
Se acrescentarmos amor e compaixão ao nosso caldeirão e os misturarmos com sabedoria, acabaremos por criar as mesmas qualidades no nosso mundo. Por exemplo, o caminho para a abundância começa com o acto de doar incondicionalmente.

EXERCÍCIO DE MAGIA: Mexer o Caldeirão

Faça uma sopa quente e cremosa de Inverno ou uma sopa fria de Verão, enquanto reverencia os espíritos da natureza, a colheita, o sol, a chuva e a terra verdejante. Faça da preparação dessa sopa uma cerimónia sagrada. Misture os ingredientes com a colher, sempre no sentido horário, expressando votos de saúde e felicidade a todos os que se deliciarão com essa sopa. Sirva-a com uma pitada de amor!


MORNINGSTAR, Sally, O Livro Wicca

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Dança da Libélula



Ópera de Jacques Offenbach, "Contos de Hoffmann", na versão cinematográfica de 1951, de Michael Powell e Emeric Pressburger

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Némesis

VIBRAÇÃO: alma
PALAVRAS-CHAVE: lições, karma, destino
PONTO ALTO: os poderes da verdade prevalecerão
PONTO BAIXO: para crescer há que aceitar as lições que a vida nos dá

Némesis, antiga deusa grega da sorte, do karma e do destino, também é conhecida como Adrastéia ("inevitável"). É retratada com uma coroa de flores na cabeça, uma maçã na mão esquerda e uma taça na direita.

Némesis é a deusa da retribuição, das forças que entram em acção quando precisamos voltar a trilhar um caminho mais sábio. Esta deusa mostra-nos que temos de assumir a responsabilidade por todos os nossos pensamentos, palavras e actos negativos, e entender o efeito que eles podem causar na vida das outras pessoas.

A tigela e a maçã são símbolos do desejo que esta deusa tem de purificar a forma humana (a taça), levando-a a conhecer novamente o amor e a sabedoria (a maçã). Assim como Kali na tradição hindu, Némesis não tem paciência com pessoas tolas. Na Wicca, ela é a deusa do destino, assim como as Nornas (as Parcas) no Caminho do Destino (Way of Wyrd - a crença na deusa tríplice: a donzela, a mãe e a anciã), e pode ser evocada nos tempos de grande tensão, causada por atitudes maliciosas de outras pessoas.

A visita de Némesis é um sinal de que  tem observado o que acontece à nossa volta. Está atenta a cada pensamento, a cada palavra e a cada gesto nosso e dos outros ao nosso redor. Como verdadeira guardiã, ela oferece protecção e regista todos os casos de injustiça e iluminar-nos-á de lhe rezarmos. Precisamos de entender que às vezes a vida toma rumos inesperados para que a justiça seja feita.

A presença de Némesis dá-se quando estamos em via de ajudar alguém ou quando algo está prestes a emergir e a verdade se revela diante dos nossos próprios olhos e de todos os envolvidos. Não procuremos vingança nem pagar na mesma moeda, mas sim manter a nossa dignidade. Esperemos e observemos pois a verdade acaba sempre por prevalecer.

EXERCÍCIO DE MAGIA: Leitura das Runas

As runas estão sob a guarda das Nornas, ou Parcas. São um excelente instrumento adivinhatório quando buscamos respostas relacionadas com a alma e o karma. Sintonize-se com elas, faça uma leitura kármica e veja o que elas têm a revelar-lhe.


MORNINGSTAR, Sally, O Livro Wicca, Ed. Pensamento

domingo, 3 de outubro de 2010

O Monstro de Aljubarrota



Há muito que os dois exércitos estavam frente a frente, sem que se decidissem a iniciar o ataque. O meio-dia tinha passado sobre o campo há muitas horas atrás. Os castelhanos eram muito superiores em número e contudo mantinham-se à torreira do sol, dentro de armaduras de ferro que mais pareciam fornalhas infernais, sem darem urn passo, sem fazerem urn gesto. Perguntar-se-á como é possivel que 22000 combatentes sejam capazes de esperar quase um dia inteiro de Verão frente a cerca de 7000 adversários, tão cansados de esperar quanto eles, tão cheios de sede e de calor. Assim aconteceu, porém, nesta batalha memorável, nos campos de Aljubarrota, no dia 14 de Agosto de 1385.

Conta a lenda que os invasores hesitavam em atacar por sentirem da parte do exército português uma serenidade quase sobrenatural. E, contudo, do outro lado, os portugueses sentiam apenas a mesma expectativa que antecede a batalha, a mesma sede que os castelhanos, o mesmo calor infernal que os invasores, o mesmo pânico interior.

Há horas, pois, que os dois exércitos estavam frente a frente, à espera de ordens para atacar. Passariam cinco horas depois do meio-dia quando os invasores se decidiram a atacar, depois de um imenso estrondo que transtornou de medo os combatentes de ambas as partes.

Feria-se dura a batalha. Os portugueses, entrincheirados nas suas posições, defendiam-se com denodo ante as cometidas furiosas dos castelhanos. Apesar da sua superioridade numérica, estes não conseguiam desfazer o quadrado que as gentes de D. João I haviam formado no terreno, e o desespero começava a nascer no coração dos invasores.

Diz-se que entretanto os castelhanos souberam que andava por entre as fragosidades do terreno uma fera horrorosa, um monstro infernal. Mandaram um grupo de homens procurá-la e trazê-la à tenda do Rei de Castela.

Nesse grupo de homens que partiu em busca do monstro dos infernos ia um famoso bruxo de Castela, lá das bandas de Toledo, para que com os seus sortilégios e conhecimentos diabólicos pudesse convencer ou compelir a fera a auxiliar o seu exército. Assim que o monstro foi achado no campo, o bruxo de Toledo fez sobre ele sinais cabalísticos, rezou em surdina misteriosos abracadabras e o bicho tornou-se num cordeirinho manso.

Levado à tenda do Rei de Castela, combinaram então com ele o modo como assustaria o inimigo, do outro lado do campo, e puseram-no em liberdade, depois de o bruxo o livrar da sua influência, invertendo os sinais que antes fizera e proferindo os abracadabras no sentido contrário.
 
Largaram a fera à frente do exército castelhano para que esta devorasse os portugueses. Estes, assombrados e tornados de terror pelos terriveis rugidos e pelo aspecto do monstro que deitava fogo pelos olhos e estilhaçava homens com as suas garras aguçadas, começaram a fugir como se uma legião infernal os perseguisse.

D. João I, também ele cheio de medo e desespero, lembrou-se de repente do seu patrono S. Jorge e, invocando-o cheio de fé, pediu a intervenção da Virgem Maria. Imediatamente se viu descer do céu, numa bola de fogo o santo, que, montando urn belíssimo cavalo branco e brandindo a sua lança, se precipitou sobre a fera. Durante um momento, o tempo que durou esta batalha entre o monstro e S. Jorge, não se ouviu um gemido em todo o campo; apenas os urros e rugidos do monstro e o bramar de S. Jorge alentando o seu cavalo se fizeram ouvir misturados com o silêncio da noite que vinha chegando.



S. Jorge derrubou a fera dos olhos em fogo, cravando neles a sua lança,e, em seguida, virou-se para os castelhanos e investiu contra eles desbaratando-Ihes as sólidas formações. Os portugueses, reanimados e de novo cheios de fé e coragem, avançaram com o Condestável à frente e completaram a destruição do inimigo, deixando no campo,por onde passavam, uma estrada de cadáveres e moribundos.

Estava ganha a batalha nessa mesma hora em que morria docemente o dia 14 de Agosto de 1385, um dia
que fora quente e duro. A lenda porém não termina com a chegada da noite. Diz ainda que, com os ossos dos castelhanos, os portugueses calcetaram uma rua em Aljubarrota, que já desapareceu com o uso. E acrescenta que em memória do socorro de S. Jorge, D. João I mandou edificar a ermida e fazer a imagem do santo, em pedra, a cavalo e matando o monstro.

Fernanda Frazão, Lendas Portuguesas

sábado, 2 de outubro de 2010

Abtu e Anet


Segundo a mitologia dos Egípcios, Abtu e Anet são dois peixes idênticos e sagrados que nadam diante da nave de Ré, o deus Sol, para o prevenir de qualquer perigo. Durante o dia, a nave viaja pelo céu, de nascente para poente; durante a noite, sob a terra, em direcção contrária.

Jorge Luís Borges, O Livro dos Seres Imaginários

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

A Pedra Furada

VIBRAÇÃO: astral
PALAVRAS-CHAVE: protecção, fronteiras, bençãos
PONTO ALTO: poderes psíquicos estão a desenvolver-se
PONTO BAIXO: novos projectos requerem protecção psíquica

A Pedra Furada ou Pedra da Bruxa é uma pedra com um buraco no meio. É um símbolo poderoso da Deusa. Pode ser consagrada a uma divindade protectora e depois usada como pendente para dissipar formas de pensamento negativas, afastar invasores psíquicos ou remover obstáculos ao sucesso.

É associada principalmente às deusas anciãs como Hécate e Cerridwen, que podem ser evocadas quando a atmosfera for opressiva ou sufocante. Podemos desenvolver a nossa sensibilidade para averiguar se o ambiente está livre de energias negativas.

EXERCÍCIO DE MAGIA - Limpeza da casa

Queime erva fumária em casa para exorcizar energias indesejáveis, percorrendo as divisões sempre no sentido horário. Evocando a protecção de Anúbis, uma divindade egípcia dos mundos subterrâneos, da deusa grega Hécate ou da deusa celta Cerridwen, acenda uma vela branca e queime incenso, enquanto percorre a casa abençoando todas as janelas, portas e aberturas.
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