"Do Asno de Três Patas diz-que está no meio do oceano e que três é o número dos seus cascos e seis o dos seus olhos e nove o das suas bocas e dois o das suas orelhas e um o do seu corno. A sua pelagem é branca, o seu alimento é espiritual e todo ele é justo. E dois dos seis olhos estão no lugar dos olhos e dois na ponta da cabeça e dois na cerviz; com a penetração dos seis olhos domina e destrói.
Das nove bocas três estão na cabeça e três na cerviz e três dentro das ilhargas... cada casco, posto no chão, cobre o espaço de uma manada de mil ovelhas, e sob o esporão podem manobrar até mil ginetes. Quanto às orelhas, são capazes de abarcar Mazandaran (província do norte da Pérsia). O corno parece de oiro e oco e cresceram-lhe mil ramificações. Com esse corno vencerá e dissipará todas as corrupções dos malvados."
Do âmbar se sabe que é esterco do Asno de Três Patas. Na mitologia do masdeísmo, este monstro benéfico é um dos auxiliares de Ahura Mazdâ (Ormuzde), princípio da Vida, da Luz e da Verdade.
Jorge Luís Borges, O Livro dos Seres Imaginários, Teorema