segunda-feira, 21 de março de 2011

Ostara



O  equinócio da primavera ocorre quando a noite e o dia têm praticamente a mesma duração. Existe uma tensão entre a luz e as trevas; a energia do inverno dá passagem à primavera. Este é o segundo festival da fertilidade da roda wiccaniana.

A Páscoa, que cai numa data próxima ao equinócio, é o nome que a Igreja Cristã deu a esse festival. A palavra Páscoa deriva da deusa anglo-saxã da fertilidade, Eostre ou Ostara. É a época dos ovos decorados, das lebres e coelhos (consagrados à deusa da fertilidade), da compra de  uma nova vassoura de vidoeiro (vassoura da Bruxa) ou para confeccionar instrumentos cerimoniais. Também é a época mais propícia para abençoar sementes ou grãos, antes de plantá-los na terra.

sábado, 19 de março de 2011

As 13 Luas Cheias do Ano: A Lua do Corvo



O gralhar dos corvos anunciava a partida do Inverno que se anunciava pelo começo do degelo, razão pela qual era também intitulada de Lua Cheia da Crosta, pois a neve descongelava de dia e voltava a formar uma crosta cristalina durante a noite. Celebra-se a chegada da Primavera no seu Equinócio, Ostara.

quarta-feira, 9 de março de 2011

Dia da Morte e dos Diabos

Death, My Irony Surpasses All Others, Odilon Redon, 1899

A Quaresma assinala um período de respeito e penitência, trazidos à lembrança dos habitantes de Vinhais, Trás-os-Montes,  pelas tenebrosas figuras da Morte e do Diabo que, na Quarta-feira de Cinzas, percorrem as ruas da vila, sequiosas de almas pecadoras.

Os diabos perseguem e capturam os humanos que, desafiando o poder sobrenatural daqueles, se atrevem a sair à rua, purificando-os com acutilantes cinturadas e apresentando-os perante a Morte. Esta, empunhando uma gadanha de forma ameaçadora, obriga-os, de joelhos, a recitar umas estranhas ladainhas, impondo temor e lembrando que, a qualquer altura, ceifar-lhes a vida a seu bel-prazer.

"Padre-nosso, caldo grosso, carne gorda não tem osso, rilha-o tu que eu não posso.
Salve rainha, mata a galinha, põe-na a cozer, dá cá a borracha que quero beber.
Creio em Deus, padre todo-poderoso, o filho do rei criou um raposo."

Trata-se de uma tradição secular e única em Portugal, cujas origens permanecem desconhecidas havendo, no entanto, diferentes interpretações que a situam nas celebrações dos Lupercais romanos, nas procissões da Quarta-feira de Cinzas, na Idade Média, ou mesmo por influência dos franciscanos do Convento de São Francisco de Vinhais, durante os séc. XVIII e XIX.
 
Texto retirado daqui

Fausto

Fausto encontrou um livro de magia negra que contém um ritual de invocação a Mefistófeles. Durante uma noite de lua cheia e numa encruzilhada, Fausto leva a cabo o ritual, na esperança de obter a cura para a peste que assola a sua aldeia.


Fausto, de F.W. Murnau, 1926

domingo, 6 de março de 2011

A Anfisbena


Brunetto Latini diz no seu Li Livres dou Trésor : "A Anfisbena é uma serpente com duas cabeças, uma no seu lugar e outra na cauda; pode morder com as duas, corre com ligeireza e os seus olhos brilham como candeias."

No século XVII, Sir Thomas Browne observou que não existe nenhum animal sem parte de baixo ou de cima, frente e cauda, esquerda e direita, e negou que a Anfisbena pudesse existir, porque ambas as extremidades são anteriores. Anfisbena em grego quer dizer "que segue em duas direcções".

Nas Antilhas e em certas regiões da América, o nome aplica-se a um réptil que vulgarmente se conhece por "dupla marcha", por "serpente de duas cabeças" e "mãe das formigas". Diz-se que as formigas a mantêm e também se diz que, se a cortarem em pedaços, estes se juntam.

Jorge Luis Borges, O Livro dos Seres Imaginários

sábado, 5 de março de 2011

A Bola de Cristal


VIBRAÇÃO: chakra do terceiro olho
PALAVRAS-CHAVE: introvisão, divinação, visão

A Bola de Cristal é um instrumento de divinação muito conhecido e apreciado. Feita de cristal transparente, é usada para a exploração da psique e para adivinhar o futuro. Deve ficar sobre uma toalha escura, num quarto com pouca luz para facilitar a clarividência.

A Bola de Cristal mostra-nos que temos a capacidade de ver além das ilusões e das distrações, cientes da existência de muitos planos diferentes. Quando conseguimos libertar-nos das restrições da terceira dimensão, podemos viajar para outros reinos e encontrar o que buscamos. Potenciais e possibilidades podem então ser aproveitados quando a visão é clara o suficiente para concretizá-los.

Por vezes, a clareza de visão faz-nos sentir isolados do mundo à nossa volta. Gotas de água formam os rios e os rios formam os oceanos. Se seguirmos o curso mais apropriado, encontraremos pessoas cujo rio segue o mesmo percurso que o nosso.

EXERCÍCIO DE MAGIA: Consultar a Bola de Cristal

Coloque a sua bola de cristal sobre uma toalha de veludo preto e deixe a divisão na penumbra. Respire e concentre-se, procurando desfocar a visão. Deixe que o cristal se funda com a sua consciência e observe as imagens que se formam e fluem através de si e do cristal. Cores e névoas no cristal indicam que a sua clarividência está a despertar.

Sally Morningstar, O Livro Wicca

sexta-feira, 4 de março de 2011

O Último Sortilégio

Isobel Lilian Gloag, The Kiss of the Enchantress, 1890

"Já repeti o antigo encantamento,
E a grande Deusa aos olhos se negou.
Já repeti, nas pausas do amplo vento,
As orações cuja alma é um ser fecundo.
Nada me o abismo deu ou o céu mostrou.
Só o vento volta onde estou toda e só,
E tudo dorme no confuso mundo.
"Outrora meu condão fadava, as sarças
E a minha evocação do solo erguia
Presenças concentradas das que esparsas
Dormem nas formas naturais das coisas.
Outrora a minha voz acontecia.
Fadas e elfos, se eu chamasse, via.
E as folhas da floresta eram lustrosas.

"Minha varinha, com que da vontade
Falava às existências essenciais,
Já não conhece a minha realidade.
Já, se o círculo traço, não há nada.
Murmura o vento alheio extintos ais,
E ao luar que sobe além dos matagais
Não sou mais do que os bosques ou a estrada.

"Já me falece o Dom com que me amavam.
Já me não torno a forma e o fim da vida
A quantos que, buscando-os, me buscavam.
Já, praia, o mar dos braços não me inunda.
Nem já me vejo ao sol saudado erguida,
Ou, em êxtase mágico perdida,
Ao luar, à boca da caverna funda.

"Já as sacras potências infernais,
Que dormentes sem deuses nem destino,
À substância das coisas são iguais,
Não ouvem minha voz ou os nomes seus.
A música partiu-se do meu hino.
Já meu furor astral não é divino
Nem meu corpo pensado é já um deus.

"E as longínquas deidades do atro poço,
Que tantas vezes, pálida, evoquei
Com a raiva de amar em alvoroço,
Inevoadas hoje ante mim estão.
Como, sem que as amasse, eu as chamei,
Agora, que não amo, as tenho, e sei
Que meu vendido ser consumirão.

"Tu, porém, Sol, cujo ouro me foi presa,
Tu, Lua, cuja prata converti,
Se já não podeis dar-me essa beleza
Que tantas vezes tive por querer,
Ao menos meu ser findo dividi -
Meu ser essencial se perca em si,
Só o meu corpo sem mim fique alma e ser !

"Converta-me a minha última magia
Numa estátua de mim em corpo vivo !
Morra quem sou, mas quem me fiz e havia,
Anónima presença que se beija,
Carne do meu abstrato amor cativo,
Seja a morte de mim em que revivo :
E tal qual fui, não sendo nada, eu seja !"

Fernando Pessoa

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