Nosferatu é um filme clássico do expressionismo alemão, baseado em Drácula, de Bram Stoker (1897). Produzido em 1922 por Murnau, as suas imagens de horror ainda conseguem surpreender. Ao invés de Conde Drácula, Nosferatu é Conde Orlok, uma das mais fiéis representações filmícas do vampiro. Alto, esguio, esquálido, com orelhas, nariz e dentes pontiagudos, Murnau consegue representar com sucesso a figura da personagem macabra de Stoker.
O Conde Orlock, é uma figura estranha e aterrorizante. A sua imagem expressa o próprio conteúdo do seu ser maligno. Não existe em Nosferatu a dissimulação/ocultação da natureza maligna do vampiro. O mal está entre nós e assim se apresenta em corpo, espírito e verdade. Como Mr. Hyde, a personagem de Robert Louis Stevenson em O Médico e o Monstro (de 1886), Nosferatu consegue ser a expressão em imagem da essência do Mal. Como diz a abertura do filme, “Nosferatu é a palavra que se parece com o som do pássaro da morte da meia-noite”.
Nosferatu vive nas sombras e na escuridão. É um ser nocturno, de um mundo das trevas, perdido no passado de uma terra distante (a Transilvânia). “Os fantasmas da noite parecem reviver das sombras do castelo” – diz o narrador de Nosferatu. É na escuridão que está o horror do vampiro.
É interessante notar que a lenda do vampiro se difunde nos primórdios da sociedade tecnológica, da II Revolução Industrial, onde a invenção da eletricidade – ou da lâmpada elétrica, em 1879 - deu o “golpe de misericórdia” nos poderes da noite e da escuridão.
Nosferatu, de F.W.Murnau, 1922
(este post buscou a sua inspiração aqui)