Havia três irmãos; o mais novo tinha três maçãzinhas de ouro, e os outros para ver se lhas tiravam mataram-no e enterraram-no num monte. Depois nasceu na sepultura uma cana. Certo dia, passou por lá um pastor, que cortou um pedaço da cana para fazer uma flauta. O pastor começou a tocar, mas a gaita em vez de tocar, dizia:
Toca, toca, oh pastor,
Os meus irmãos me mataram,
Por três maçãzinhas de ouro,
E ao cabo não as levaram.
O pastor quando ouviu isto, chamou um carvoeiro, e deu-lhe a flauta. O carvoeiro começou também a tocar, mas a flauta dizia:
Toca, toca, oh carvoeiro,
Os meus irmãos me mataram…
Assim foi a flauta andando, de indivíduo para indivíduo, até que chegou às mãos do pai e mãe do morto. A flauta dizia ainda:
Toca, toca, oh meu pai…
Toca, toca, oh minha mãe,
Os meus irmãos me mataram
Por três maçãzinhas de ouro
E ao cabo não as levaram.
Chamaram o pastor, que disse onde tinha cortado a cana. Foram lá e encontraram o cadáver com as três maçãzinhas de ouro.
Conto tradicional português