Albert Joseph Fenot
Sempre ouvi dizer aos mais antigos que na Eira do Monte, que pertence a Paradela mas fica entre dois caminhos, ali à saída de Sendim, é onde as bruxas se vão esfregar.
Uma ocasião, um homem disse assim p’ra outro, amigo dele:
— Olha que a tua mulher também é bruxa!
E ele:
— Ai não, não é! Da minha mulher não se consta isso!
Mas, pelo sim pelo não, a partir daí o homem pôs-se mais atento aos hábitos dela. E numa certa noite, ficou acordado, mas fazendo que dormia, e ouviu-a levantar-se da cama e dizer:
- Eu te benzo, belbezu,
Com as fraldas do meu cu.
Enquanto eu não vier,
Não acordes tu!
Ela então lá foi à vida dela, juntar-se com as outras e esfregar-se na tal laje. Quando veio, o homem estava à espera e viu que trazia o rabo todo queimado de tanto se esfregar.
P’ró outro dia, ao encontrar o amigo, diz-lhe então:
—Agora sim, já estou fiado,
Que ela traz o cu todo queimado.
PARAFITA, Alexandre, Património Imaterial do Douro - Narrações Orais (contos, lendas, mitos) Vol. 1, Peso da Régua, Fundação Museu do Douro, 2007 , p.157