sábado, 30 de abril de 2011

Festival de Beltane



Beltane também é conhecido como Dia de Maio. Este festival da fertilidade celebra a sexualidade, o acasalamento, o casamento, os filhos e as fadas. Os casais saltam sobre a fogueira de Beltane para reafirmar a sua união e, nos tempos antigos, passavam-se os animais de criação pelas brasa da fogueira de Beltane a fim de assegurar a sua fertilidade. Giravam-se argolas, simbolizando o disco solar.
É a época tradicional para realizar a cerimónia da decoração da árvore. Ao decorar uma árvore - de preferência uma amendoeira - com fitas coloridas, fazem-se pedidos para obter as bênçãos do povo das fadas e para agradecer à magia presente nas nossas vidas (estejamos conscientes dela ou não).

sábado, 23 de abril de 2011

Lenda de São Jorge e o Dragão



Jorge, capitão do exército romano, acampou com a sua armada próximo de Salone, na Líbia. Lá existia um gigantesco crocodilo alado que devorava os habitantes da cidade. Ninguém podia entrar ou sair da cidade, pois o enorme crocodilo alado  posicionava-se frente às muralhas. O hálito da criatura era tão venenoso que pessoas próximas podiam morrer intoxidadas. Com o intuito de manter a besta longe da cidade, a cada dia ovelhas eram oferecidas à fera até estas terminarem e logo crianças passaram a ser sacrificadas.

O sacrifício caiu então sobre a filha do rei, Sabra, uma menina de catorze anos. Vestida como se fosse para o seu próprio casamento, a menina deixou a muralha da cidade e ficou à espera da criatura. Jorge, o tribuno, decidido a pôr fim ao episódio, montou no seu cavalo branco e foi até o reino resgatá-la. Jorge fez o rei jurar que se a trouxesse de volta, ele e todos os seus súditos se converteriam ao cristianismo. Após tal juramento, Jorge partiu atrás da princesa e do "dragão". Ao encontrar a fera, Jorge atingiu-a com a sua lança, mas esta despedaçou-se de encontro à pele do monstro e, com o impacto, o cavaleiro caiu do seu cavalo. Ao cair, rolou até uma árvore de laranjeira, ficando protegido por ela do veneno do dragão até recuperar suas forças.


Ao ficar pronto para lutar novamente, Jorge acerta na cabeça do dragão com a sua poderosa espada Ascalon. O dragão derrama então o veneno sobre ele, dividindo a sua armadura em duas. Uma vez mais, Jorge busca a proteção da laranjeira e em seguida, crava a sua espada sob a asa do dragão, onde não havia escamas, de modo que a besta cai muito ferida a seus pés. Jorge amarra uma corda no pescoço da fera e  arrasta-a para a cidade, trazendo a princesa consigo. A princesa, conduzindo o dragão como um cordeiro, volta para a segurança das muralhas da cidade. Lá, Jorge corta a cabeça da criatura à frente de todos e as pessoas de toda cidade tornam-se cristãs.

(O dragão - o demónio - simbolizaria a idolatria destruída com as armas da Fé. Já a donzela que o santo defendeu representaria a província da qual ele extirpou as heresias).

domingo, 17 de abril de 2011

As 13 Luas Cheias do Ano: A Lua Rosa


Esta Lua Cheia de Abril deve o seu nome ao Musgo Cor-de-Rosa, uma das primeiras flores a desabrochar no início da Primavera. A lua de Abril também era conhecida como Lua da Rã ou Lua do Plantador.


Nick Drake - Pink Moon

I saw it written and I saw it say
Pink moon is on its way
And none of you stand so tall
Pink moon gonna get you all
It's a pink moon
It's a pink, pink, pink, pink, pink moon

sábado, 16 de abril de 2011

Eleanor e Rosamund

Edward Burne-Jones

Uma formosa donzela, um rei poderoso e uma rainha ciumenta - estão reunidos os elementos necessários para uma tragédia romântica.

Rosamund de Clifford, filha do lorde galês de Clifford, conheceu Henry II em 1163, quando este passou por Gales, durante uma campanha militar. Henry perdeu-se de amores e levou Rosamund consigo para Inglaterra. Mandou construir um refúgio secreto em Woodstock onde a instalou. Reza a lenda que um labirinto cercava o esconderijo a fim de assegurar o segredo.

William Waterhouse

Os amores entre o rei e a donzela não esmoreceram com o tempo e a rainha Eleanor de Aquitânia decidiu que já era altura de esta amante em particular sair da vida do rei.

Frederick Sandys

Um dia, Rosamund, sem reparar, deixou cair um fio de um bordado enquanto regressava ao seu esconderijo. Eleanor achou o fio e seguiu-o, conseguindo assim orientar-se no labirinto até encontrar Rosamund.

Evelyn Morgan

Diz a lenda que a rainha fez a rapariga escolher entre um punhal e um cálice com veneno. Rosamund tomou o veneno.

Frank Cadogan Cowper

(Na realidade, Rosamund recolheu a um convento quando a sua ligação ilícita se tornou conhecida, morrendo pouco tempo depois)

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Esconjuro


Sapos e bruxas, mouchos e crujas,
demonhos, trasgos e dianhos
spírtos das eneboadas beigas,
corvos, pegas e meigas, feitiços das mezinheiras,
lume andante dos podres canhotos furados,
luzinha dos bichos andantes,
luz de mortos penantes,
mau-olhado, negra inveija, ar de mortos,
trevões e raios, piar de moucho,
pecadora língua de má mulher
casada cum home belho
Vade retro Satanás prás pedras cagadeiras!

António Fontes, padre, citado no Suplemento do Expresso de 16 de Outubro de 2004

terça-feira, 5 de abril de 2011

The Killing Moon


Echo & The Bunnymen - The Killing Moon

segunda-feira, 4 de abril de 2011

A Senhora de Brabante

Lucien Victor Guirand de Scevola, 1900

Tem um leque de plumas gloriosas,
na sua mão macia e cintilante,
de anéis de pedras finas preciosas
a Senhora Duquesa de Brabante.

N'uma cadeira d'espaldar dourado,
escuta os galanteios dos barões.
- É noite: e, sob o azul morno e calado,
concebem os jasmins e os corações.

Recorda o senhor Bispo acções passadas.
Falam damas de jóias e cetins.
Tratam barões de festas e caçadas
à moda goda: - aos toques dos clarins.

Mas a Duquesa é triste. - Oculta mágoa
vela seu rosto de um solene véu.
- Ao luar, sobre os tanques chora a água...
- Cantando, os rouxinóis lembram o céu...

Dizem as lendas que Satã vestido
de uma armadura feita de um brilhante,
ousou falar do seu amor florido
à Senhora Duquesa de Brabante.

Dizem que o ouviram ao luar nas águas,
mais louro do que o sol, marmóreo e lindo,
tirar de uma viola estranhas mágoas,
pelas noites que os cravos vêm abrindo...

Dizem mais, que na seda das varetas
do seu leque ducal de mil matizes...
Satã cantara as suas tranças pretas,
- e os seus olhos mais fundos que as raízes!

Mas a Duquesa é triste. - Oculta mágoa
vela seu rosto de um solene véu.
- Ao luar, sobre os tanques chora a água...
- Cantando, os rouxinóis lembram o céu...

O que é certo é que a pálida Senhora,
a transcendente Dama de Brabante,
tem um filho horroroso... e de quem cora
o pai, no escuro, passeando errante.

É um filho horroroso e jamais visto! -
Raquítico, enfezado, excepcional,
todo disforme, excêntrico, malquisto,
- pêlos de fera, e uivos de animal!

Parece irmão dos cerdos ou dos ursos,
aborto e horror da brava Natureza...
- Em vão tentam barões, com mil discursos,
desenrugar a fronte da Duquesa.

Sempre a Duquesa é triste. - Oculta mágoa
vela seu rosto de um solene véu.
- Ao luar, sobre os tanques chora a água...
- Cantando, os rouxinóis lembram o céu...

Ora o monstro morreu. - Pelas arcadas
do palácio retinem festas, hinos.
Riem nobres, vilões, pelas estradas.
O próprio pai se ri, ouvindo os sinos...

Riem-se os monges pelo claustro antigo.
Riem vilões trigueiros das charruas.
Riem-se os padres, junto ao seu jazigo.
Riem-se nobres e peões nas ruas.

Riem aias, barões, erguendo os braços.
Riem, nos pátios, os truões também.
Passeia o duque, rindo, nos terraços.
- Só chora o monstro, em alto choro, a mãe!..

Só, sobre o esquife do disforme morto,
chora, sem trégua, a mísera mulher.
Chama os nomes mais ternos ao aborto...
- Mesmo assim feio, a triste mãe o quer!

Só ela chora pelo morto!.. A mágoa
lhe arranca gritos que ninguém mais deu!
- Ao luar, sobre os tanques chora a água...
- Cantando, os rouxinóis lembram o céu...

Gomes Leal

Agradeço à minha amiga Falcão de Jade a descoberta deste poema de Gomes Leal!

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Hora Morta

Kelly Louise Judd

Lenta e lenta a hora
Por mim dentro soa
(Alma que se ignora !)
Lenta e lenta e lenta,
Lenta e sonolenta
A lua se escoa...
Tudo tão inútil !
Tão como que doente
Tão divinamente
Fútil - ah, tão fútil
Sonho que se sente
De si próprio ausente...

Naufrágio ante o ocaso...
Hora de piedade...
Tudo é névoa e acaso
Hora oca e perdida,
Cinza de vivida
(Que Poente me invade?)
Porque lenta ante olha
Lenta em seu som,
Que sinto ignorar ?
Por que é que me gela
Meu próprio pensar
Em sonhar amar ?

Fernando Pessoa
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