quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Coimbra

Coimbra é, como todos por de mais sabem, uma cidade de antiquíssimo povoamento. Alguns autores pensam que foi fundada com o nome de Colimbria. Segundo eles, o seu fundador teria sido Hércules Libio, filho de um rei do Egipto. Para outros, porém, teria sido fundada com o nome de Colimbriga, no local onde hoje é Condeixa-a-Velha.

Na realidade, ambos os topónimos assinalados são posteriores ao verdadeiro nome da cidade, de origem celta, como tudo leva a crer, e que seria provavelmente Conenobriga.

A lenda que vou contar relata o episódio donde se teria originado o nome da cidade e que, evidentemente, tem todos os foros de pura fantasia.

Diz essa lenda que em tempos houve na cidade uma princesa que era muito amada por um esforçado cavaleiro. Este tinha tentado por todos os meios ao seu alcance casar com ela, mas os pais da jovem não consentiam, porque nenhum feito até então efectuado era considerado suficientemente honroso e merecedor da princesa.

O moço estava já a desesperar quando, de súbito, um pavor enorme tomou conta da cidade: aparecera, vinda dos céus, uma terrível e grande serpente que ameaçava destruir tudo o que encontrasse na sua frente. Conta a lenda que o povo chamava à serpente Coluber, sem contudo nos deixar dito porquê.



A princesa, ansiando que o cavaleiro - que sabia corajoso como poucos - mostrasse o seu valor aos pais, inventou um estratagema para tornar possível a aproximação do rapaz. Pediu aos pais que mandassem anunciar na cidade que ela casaria com o cavaleiro que matasse a serpente. Os soberanos aceitaram a proposta e os arautos anunciaram por todo o lado a vontade da princesa.

Muitos foram os cavaleiros que se apresentaram. Contudo, só o enamorado da princesa teve a coragem suficiente de se aproximar da toca de Coluber.

Desmontou do cavalo e acendeu à boca da gruta uma fogueira. Com o manto fez entrar todo o fumo que pôde, para obrigar a serpente a sair, e de facto, pouco tempo depois, o monstro saía meio sufocado. De espada em punho, o cavaleiro tentou cortar-lhe a cabeça, mas falhou, ao mesmo tempo que o instinto de defesa da serpente despertava. Deu-se então uma luta fantástica, em que o cavaleiro esteve por várias vezes a ponto de sucumbir apertado pelos anéis de Coluber. Num golpe de sorte e perícia, porém, conseguiu cortar a cabeça da serpente, quando estava já a atingir o desespero.

Os pais da jovem cumpriram o prometido e foi assim que o cavaleiro matador de Coluber conseguiu a mão da sua amada princesa.

Acrescenta a lenda que, no local onde a serpente foi morta, fundou-se uma povoação a que deram o nome de Coluber Briga, que significa "Batalha da Cobra".


Fernanda Frazão, Lendas Portuguesas, Amigos do Livro Editores
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